O primeiro mês do ano é dedicado ao Janeiro Branco, movimento social criado em 2013 com objetivo de chamar a atenção dos indivíduos, instituições, sociedade e autoridades para o cuidado com a saúde mental

Para isso, diversas ações de cuidado com o bem-estar podem ser promovidas durante o mês – e incentivadas a serem mantidas ao longo do ano. Mas, como cuidar da saúde mental de alunos e professores? A resposta está neste post, confira!

O que é Janeiro Branco?

A escolha do mês de janeiro para ilustrar a campanha Janeiro Branco é devido ao caráter de recomeço desse período do ano. Afinal, é comum fazer reflexões e balanço do ano passado e traçar metas e objetivos para os próximos meses. 

Já o branco simboliza um espaço que pode ser preenchido para “projetar, escrever ou desenhar expectativas, desejos, histórias ou mudanças com as quais sonhamos e às quais desejamos concretizar”. 

Para 2023, o lema da campanha é “A vida pede equilíbrio”. Segundo o site do movimento, a escolha do tema se deu diante de mudanças cada vez mais desafiadoras e aceleradas que exigem novas atitudes, novas habilidades, novos entendimentos e novos comportamentos. 

Vale lembrar que apesar desse tema já ser debatido em diversos setores nos últimos anos, inclusive na educação, ele se intensificou com a pandemia de covid-19.

Para ilustrar a importância de falar sobre saúde mental nas escolas, um mapeamento realizado pela Secretaria de Educação de São Paulo apontou que 69% dos 642 mil alunos ouvidos relataram sintomas de ansiedade e depressão.

Dificuldade de concentração, esgotamento e problemas de sono estão entre os principais problemas enfrentados entre os alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. Ademais, a fragilidade da saúde mental não se restringe aos estudantes.

Conforme a pesquisa Saúde Mental dos Educadores 2022, o número de professores que consideram a saúde mental “ruim” ou “muito ruim” aumentou de 2021 para 2022. Apesar desse índice chegar a 30,1% em 2020 e diminuir para 13,7% em 2021, ele voltou a crescer em 2022 para 21,5%.

Como cuidar da saúde mental na escola?

Essas dicas podem ser colocadas em prática o ano inteiro, não apenas no Janeiro Branco. Entenda a seguir. 

1. Incentive a prática da meditação

A meditação é um ótimo exercício a ser aplicado nas escolas. Essa técnica visa a focalização da atenção plena e concentração, por meio do controle da respiração. Entre os benefícios está o investimento no bem-estar da mente e do corpo, já que essa prática ajuda a reduzir a pressão arterial e a frequência cardíaca. 

Uma das técnicas de meditação mais conhecida é a mindfulness, que visa estar no momento presente conscientemente. Pode ser aplicada por meio da respiração, na capacidade de ouvir e, até mesmo, na percepção durante o ato de comer. 

Leia também: Como montar um conselho de classe escolar eficiente e democrático?

2. Promova ações de prevenção ao bullying

O bullying é um dos principais entraves para a manutenção da saúde mental na escola, pois os diversos tipos de violência psicológica e física podem acarretar prejuízos psíquicos para toda vida do aluno. Apenas em São Paulo, os casos nas escolas públicas aumentaram 48,5% no primeiro bimestre de 2022 no comparativo com 2019.

O bullying pode acontecer em diversos espaços, mas é frequente na infância e adolescência. Como esses períodos são essenciais para a formação do indivíduo e amadurecimento emocional, a violência pode causar sintomas físicos e emocionais nas vítimas, como:

  • baixa autoestima;
  • ansiedade;
  • isolamento social;
  • depressão;
  • entre outros.

Por isso, é essencial que as vítimas de bullying sejam acompanhadas por profissionais especializados, para que essas consequências não sejam levadas para a fase adulta. Além disso, é necessário haver um trabalho de conscientização e educação com os agressores, pois eles também podem manifestar sofrimento na saúde mental. 

3. Implemente a educação socioemocional

A educação socioemocional visa o estímulo da aprendizagem para além de habilidades cognitivas e acadêmicas. Isso significa que, nessa abordagem pedagógica, o ensino é voltado para o desenvolvimento de habilidades e competências ligados ao lado social e emocional do indivíduo. 

Ou seja, a educação socioemocional favorece a formação integral, em todas as dimensões formativas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que essas habilidades e competências devem ser desenvolvidas ao longo das 10 Competências Gerais para a Educação Básica, tais como:

  • repertório cultural;
  • comunicação;
  • trabalho e projeto de vida;
  • autoconhecimento e autocuidado;
  • empatia e cooperação;
  • entre outros.

Veja também: O papel da escola deve ir além do currículo pedagógico

4. Ofereça ajuda especializada

Diversas patologias podem afetar a saúde mental dos alunos, desde os transtornos de aprendizagem até depressão e ansiedade. Nesse caso, a escola precisa oferecer suporte especializado, com psicólogos, psicopedagogos e outros profissionais de saúde que podem restaurar o bem-estar do estudante.

Mas para identificar sintomas de que algo não vai bem com os alunos, a escola precisa adotar um olhar atento aos comportamentos demonstrados pelas crianças e adolescentes. Isso pode ser feito também pela promoção de rodas de conversa, nas quais os alunos possam falar sobre emoções e sentimentos.

Ao identificar sinais de sofrimento psíquico, é importante que a escola entre em contato com a família do aluno para relatar a situação e reforçar a importância de suporte especializado. Além disso, a própria escola pode disponibilizar um psicólogo escolar para fornecer orientação psicológica. 

5. Cuide da saúde mental de professores e demais funcionários 

Além dos alunos, é essencial ter atenção à saúde mental de professores e demais funcionários na escola. Afinal, eles são os responsáveis pelo funcionamento da instituição e pelo processo educacional dos estudantes. Por isso, precisam estar em equilíbrio para desempenhar as funções com qualidade e bem-estar. As ações podem incluir: 

  • fornecer um ambiente de trabalho saudável;
  • valorização profissional;
  • promoção de encontros descontraídos e divertidos;
  • escuta ativa de queixas e problemas relatados pelos funcionários;
  • ciclo de palestras com profissionais especializados;
  • programa de apoio psicológico voltado para professores; 
  • não sobrecarregar o profissional;
  • desenvolvimento de competências socioemocionais de funcionários. 

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