A interpretação de texto é a capacidade de compreender a mensagem transmitida por meio de um material textual. A partir disso, o leitor pode fazer reflexões com base no que entendeu do texto que acabou de ler.
Essa habilidade é essencial para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e outros vestibulares, já que questões que exigem leitura e interpretação de texto são comuns nas provas de língua portuguesa — e também na redação.
E o que à primeira vista parece ser simples, na verdade, é uma das maiores dificuldades dos alunos brasileiros. Segundo os últimos dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), 50% dos estudantes com mais de 15 anos têm baixa proficiência em leitura.
Ou seja, os alunos não estão com a habilidade de leitura em dia, e isso prejudica a interpretação dos materiais lidos. Por isso, se você está na fase do vestibular, confira este post que pode ajudar os seus estudos.
7 dicas para aprimorar a interpretação de texto para o vestibular
Ter um vocabulário rico, transformar a leitura em um hábito e melhorar a capacidade de concentração são algumas maneiras de aprimorar a habilidade de interpretar textos. Veja a seguir.
Estude tipologia textual
Uma dica importante para melhorar a interpretação de texto para o Enem e outros vestibulares é entender como funciona a estrutura de cada um dos cinco tipos de texto (tipologia textual).
Geralmente, o Enem e outros vestibulares gostam de trabalhar com textos de gêneros distintos – e isso pode ser complicado para o participante que não é familiarizado com os estilos de escrita.
Conheça quais são as tipologias textuais:
- Texto narrativo: crônicas, fábulas, romances e contos;
- Texto expositivo: verbetes de dicionários, reportagens jornalísticas, resumo escolar e palestras;
- Texto injuntivo: bula de medicamentos, receitas, manuais de instrução;
- Texto descritivo: notícias, biografias, manuais de instrução e cardápio;
- Texto dissertativo: tese, artigo científico, monografia e ensaio.
Faça da leitura um hábito prazeroso
Transformar a leitura em um hábito é fundamental para melhorar a interpretação de texto. Quanto mais você ler, mais entendimento terá sobre as ideias e estruturas dos mais variados textos.
Para isso, você deve tornar a leitura em uma atividade de lazer, e não uma obrigação de estudos.
Em meio a tantos aparatos tecnológicos, é comum recorrermos aos livros digitais com vários recursos que facilitam a leitura. Contudo, dê preferência a ler textos impressos, já que a maior parte dos vestibulares não são realizados por meio das telas.
Além disso, sempre que você finalizar uma leitura, faça reflexões ou até mesmo um pequeno resumo sobre o texto que acabara de ler. Essa dica é importante para as leituras obrigatórias solicitadas em alguns vestibulares.
Não gosta de ler? No início, inclua na sua rotina de estudos a leitura de textos pequenos e de gêneros que você gosta. Pode ser um poema, uma notícia do jornal, ou até mesmo uma reflexão postada na internet por alguém que você admira.
O importante é que essa prática seja constante, até a leitura se tornar um hábito.
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Leia o texto devagar e pausadamente
A dinamicidade e rapidez da internet podem fazer o vestibulando ficar mal-acostumado com uma leitura no ritmo mais lento, já que mal clicamos em uma página na web e queremos passar para a próxima.
Contudo, ler rápido demais e com pouca atenção impossibilita uma boa interpretação de texto. Por isso, é essencial adquirir o hábito de fazer leituras devagar e com pausas para absorver as ideias do texto.
Para combater isso, você pode pegar uma reportagem longa e ler cada parágrafo com calma, fazendo ligações com os trechos lidos anteriormente e entendendo a narrativa apresentada para cada personagem. O mesmo exercício pode ser feito com livros e outros textos literários.
Marque os trechos principais do texto
Tanto na hora de estudar para o Enem, quanto no momento da prova, marcar os trechos principais pode ajudar na interpretação de conteúdos. Dessa forma, é possível ter uma boa compreensão sobre a ideia que o autor transmite no texto. Isso pode ser feito ao longo do conteúdo, ou após cada parágrafo.
Fazer resumos durante os estudos é um bom exercício para aprender como identificar as ideias centrais de um texto da prova do vestibular. Isso porque, ao fazer um resumo, o vestibulando treina como organizar apenas as partes importantes de um texto.
Pratique exercícios e técnicas de concentração
Os jovens recebem diversos estímulos devido à tecnologia. Contudo, o excesso de informação pode ser prejudicial para o cérebro, principalmente para a concentração e atenção. Contudo, praticar exercícios de concentração durante a preparação para o vestibular pode ajudar.
Ao melhorar a habilidade de concentração, o aluno consegue ler textos com mais atenção, prestando atenção em cada linha e ideia apresentada.
Outra sugestão que pode ajudar é praticar meditação com frequência, para te ajudar a focar no que está acontecendo na prova.
Amplie o vocabulário linguístico
Outra dica para melhorar a habilidade de interpretar obras é ter um bom vocabulário linguístico. Assim, fica mais fácil entender o contexto da palavra no texto. Para isso, você pode:
- ler textos com um dicionário ao lado;
- anotar palavras desconhecidas e pesquisar o significado;
- utilizar palavras que você acabou de conhecer na comunicação verbal e escrita;
- buscar sinônimos;
- consumir outros tipos de conteúdos que não sejam textos longos, como músicas e jogos digitais.
Leia de diferentes maneiras
Você sabia que é possível melhorar a qualidade da sua leitura?
Além de ler bastante e procurar palavras no dicionário, você pode:
- ler em voz alta ocasionalmente
- ler o mesmo texto várias vezes
- escolher um livro que seja abaixo da sua capacidade de compreensão.
Com isso, o estudo para o vestibular deixa de ser massante e passa a ser proveitoso.
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3 exercícios para treinar a interpretação de textos
Agora que você sabe como interpretar textos, coloque as dicas em prática para resolver os exercícios a seguir.
1. Unesp (www.rachacuca.com.br)
Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no society que morre se o nome não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei.
O que também é muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só deixam sair 10% do que sabem? Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)
No último período do texto, a discrepância dos possessivos teu e tua (segunda pessoa do singular) com relação ao pronome de tratamento você (terceira pessoa do singular) justifica-se como:
1 – possibilidade permitida pelo novo sistema ortográfico da língua portuguesa.
2 – um modo de escrever característico da linguagem jornalística.
3 – emprego perfeitamente correto, segundo a gramática normativa.
4 – aproveitamento estilístico de um uso do discurso coloquial.
5 – intenção de agredir com mau discurso os donos da comunicação.
Resposta: 4
2. UERJ (www.todamateria.com.br)
“Todo abacate é verde. O incrível Hulk é verde. O incrível Hulk é um abacate.”
Todo argumento pode se tornar um sofisma: um raciocínio errado ou inadequado que nos leva a conclusões falsas ou improcedentes.
O último parágrafo do texto é um exemplo de sofisma, considerando que, da constatação de que todo abacate é verde, não se pode deduzir que só os abacates têm cor verde.
Esse é o tipo de sofisma que adota o seguinte procedimento:
1 – enumeração incorreta
2 – generalização indevida
3 – representação imprecisa
4 – exemplificação inconsistente
Resposta: 2
3. Fuvest (www.todamateria.com.br)
A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
1 – vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
2 – considera utópicos os objetivos dessas ciências.
3 – prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
4 – discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
5 – utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.
Resposta: 5
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