Os seus alunos vão prestar o Enem este ano? Então é preciso preparar-se para a prova que abre os caminhos para as universidades. Além da versão impressa, agora os estudantes também contam com o Enem Digital.

Esta nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio, aplicada em computadores, foi anunciada em 2019, mas – de acordo com o Ministério da Educação (MEC), a intenção é que até 2026 o Enem seja realizado somente neste formato.

Já sabe quais são as diferenças e como instruir os estudantes para a prova digital? Esse material foi feito especialmente para você, professor, entender como a tecnologia é sua aliada na educação dos seus alunos!

O que é o Enem Digital?

Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das principais formas de ingressar em uma universidade pública. As provas acontecem anualmente, por meio de dois cadernos com 90 questões cada e a redação. Porém, em 2021, foi feita a primeira edição digital, no Enem 2020.

A prova virtual é uma iniciativa do Inep para digitalizar o exame, facilitando o acesso aos estudantes e reduzindo os custos de aplicação.

A expectativa do governo é tornar o modelo on-line uma alternativa única em todo o país até 2026. Contudo, a transição será progressiva, e até que ela esteja disponível para todos os participantes cada um poderá escolher entre a prova digital e a impressa.

Como funciona?

Ambas as versões possuem as mesmas questões, o mesmo nível de dificuldade e tema da redação. As provas são divididas em quatro modelos para os participantes, por cores, e terá o mesmo tempo de duração.

As questões seguem um método de avaliação chamado Teoria de Resposta ao Item, ou TRI, em que as perguntas possuem três níveis de dificuldade, e sua correção está correlacionada.

Ou seja: o estudante que acertar as perguntas difíceis e errar as fáceis terá um decréscimo na nota, pelos avaliadores considerarem incoerente essa situação.

Já a redação é corrigida por dois revisores diferentes, baseada em cinco competências que pontuam até 200 pontos cada e, juntos, compõem a nota final.

A prova é dividida em cinco domínios:

  • Linguagem, Códigos e suas Tecnologias (Português, Literatura e Inglês ou Espanhol);
  • Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Filosofia e Sociologia);
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Química e Física);
  • Matemáticas e suas Tecnologias (Matemática);
  • Redação (dissertação argumentativa).

São 180 perguntas mais a redação, divididas em dois dias de prova, que caem em dois domingos seguidos. A redação continuará manuscrita para ambas as versões da prova.

No primeiro dia, a prova terá conteúdos de Linguagens, Ciências Humanas e Redação e durará 5h30min. No segundo, Matemáticas e Ciências da Natureza, com 5h de prazo.

O gabarito oficial será disponibilizado aos estudantes em até três dias após as provas, por meio do site do Inep.

Quem pode realizar o Enem Digital?

Ao contrário da prova impressa, a versão digital possui um número limitado de vagas, garantidas por ordem de inscrição e pagamento da taxa.

Na versão on-line, apenas estudantes do terceiro ano e aqueles que já concluíram o Ensino Médio poderão participar. Os treineiros só poderão fazer a prova impressa. Caso as vagas sejam preenchidas, os demais estudantes serão colocados nas provas impressas. 

A inscrição será pelo site do Inep, limitada a um CPF. No momento da inscrição, o aluno poderá escolher o idioma da prova de língua estrangeira: inglês ou espanhol.

Os participantes também solicitam a isenção da taxa de participação pela plataforma. Os quesitos de solicitação do benefício são:

  • estar no último ano do Ensino Médio de uma escola pública;
  • ter cursado todo o Ensino Médio em escola pública e ter renda familiar de até um salário mínimo e meio;
  • possuir renda per capita de até meio salário mínimo ou mensal de até três salários mínimos;
  • ter o registro do Número de Identificação (NIS).

E quais são as diferenças entre a prova impressa e a prova digital?

Por ser um modelo on-line, o estudante terá mais recursos multimídia para ajudar na resolução das questões, como infográficos, vídeos, tirinhas e quadrinhos. Até games são considerados para integrar o arsenal do estudante.

As provas contam com os seguintes recursos para estudantes PcD:

  • ampliação de tela;
  • locais com maior acessibilidade;
  • tempo adicional de prova.

É possível escolher entre fazer a prova impressa ou a digital, mas não as duas simultaneamente, e não é possível mudar o formato do exame após a confirmação.

Independentemente da escolha, a redação continuará sendo apenas manuscrita por algum tempo.

O Mapa de Questões é preenchido conforme o candidato assinalar as questões, contando ainda com a opção de sinalizar questões para resolver depois ou revisar. Ele dá ao aluno um panorama do seu desenvolvimento.

Ao finalizar a avaliação, o participante clica em “Finalizar Prova” e insere sua chave de acesso para confirmar o envio dos dados. Será emitido um comprovante para que o aluno assine, e um fiscal recolhe a assinatura junto da finalização da máquina, por meio de uma chave de acesso própria do fiscal.

Uma possibilidade em estudo é a oportunidade de haver mais edições da prova digital ao longo do ano, para o estudante garantir a melhor data para a sua prova.

Da mesma forma, foi aprovado um programa seriado nos próximos anos, para que o Enem seja aplicado nos três anos do Ensino Médio.

Com isso, a nota final será a somatória dos três anos, diminuindo o acúmulo de matérias e facilitando a preparação dos estudantes por todo o colegial.

Como será feita a aplicação?

As provas digitais serão fornecidas pelo Inep em algumas cidades, em pontos selecionados para a aplicação. Os computadores terão o acesso à internet e outros recursos bloqueados, apenas a prova estará disponível no dispositivo.

Com isso, não será possível fazer o Enem Digital em computadores e celulares pessoais, como medida de proteção ao vazamento de dados e fraudes.

Por ser realizado em salas de informática de escolas e universidades, todos os locais de prova seguirão as medidas sanitárias contra a COVID-19: uso de máscaras, distanciamento e oferta de álcool em gel.

Assim como a prova impressa, o candidato poderá fazer pausas para usar o banheiro. A plataforma sinaliza quando o aluno deixa o computador por curtos períodos, apesar do tempo de prova continuar normalmente.

Caso aconteça alguma intercorrência durante a aplicação do teste, como queda de energia, falhas na internet ou qualquer situação técnica que prejudique o candidato, será concedida uma nova oportunidade para realizar a prova.

Estudantes que adoeçam ou sejam prejudicados por questões logísticas poderão solicitar que o exame seja aplicado em uma nova data, que será divulgada pelo Inep.

Quais são as vantagens e desvantagens do Enem Digital?

Sendo um modelo impresso, a maior vantagem é a redução de custos com impressão de papel e recursos humanos. Somente em 2019, as provas custaram, pelo menos, R$ 500 milhões ao governo.

Por haver menor consumo e descarte de papéis, a digitalização do exame contribui com um menor impacto ambiental.

A prova digital também facilita a aplicação em outras datas ao longo do ano, para que os estudantes tenham mais opções de realizar o exame, evitando imprevistos. E o Inep garante aos estudantes a infraestrutura necessária.

Entretanto, com o grande abismo social no país, para muitos estudantes, o exame pode ser difícil de se adaptar, caso não tenham familiaridade com o modelo on-line.

Sendo uma prova digital, o participante pode encontrar dificuldade em manejar os elementos interativos, a tela pode influenciar a leitura e a análise dos textos.

O Inep considera que a instituição de ensino que oferecer sua estrutura deve responsabilizar-se pela qualidade da conexão e dos computadores, o que não é tão simples sem o apoio do governo.

Além disso, a medida acaba restringindo-se às universidades que, de fato, possuem estrutura de informática, que, muitas vezes, não é possível em realidades mais precárias no país.

As provas têm restrição de vagas e são aplicadas em poucas cidades ao longo do país. A primeira edição se limitou a 110 cidades, centradas em boa parte nas capitais, dificultando o acesso de alunos do interior.

Sendo um modelo totalmente on-line, o Enem Digital pode ser alvo de criminosos cibernéticos, portanto é imprescindível garantir a segurança das informações.

Várias das edições anteriores do Enem impresso passaram por fraudes, e a prova digital também está suscetível ao vazamento de dados.

Como preparar os estudantes para o exame?

O Enem é um momento muito importante para os alunos que desejam ingressar na universidade, e, como tal, é preciso antecipar-se e estudar para a prova.

Felizmente, os preparativos para o Enem Digital não são tão diferentes assim do Enem impresso. Vamos elencar os passos a que você deve atentar-se para orientar seus estudantes.

Prazos

É importante mostrar aos alunos que devem ficar de olho nas datas do exame, para não correrem o risco de perder os prazos de inscrição.

Em 2021, as provas acontecerão nos dias 21 e 28 de novembro. No primeiro dia, a prova começará às 13h30 e terminará às 19h e, no segundo dia, das 13h30 às 18h30. Nos dois dias, os portões abrem às 12h e fecham às 13h.

Portal do candidato

O portal do candidato traz várias informações para o estudante, tanto para consulta quanto para habilitar a inscrição e executar a prova.

É necessário fazer o upload de uma foto do participante para anexar à plataforma. Na seção exclusiva do candidato, o Inep anexa provas anteriores para download e consulta.

Também dará o local de prova do aluno com antecedência, de forma que ele possa programar-se com relação ao transporte e aos horários. Já no momento da avaliação, na plataforma, constará a chave de acesso para realizar a prova.

Rotina de estudos

Estamos prestes a ver um novo Ensino Médio surgir nas escolas, mas a forma de estudar para o Enem e os vestibulares não mudou.

Estabelecer uma rotina de estudos é essencial para que o estudante possa preparar-se para o exame, e o Inep fornece as ferramentas para o aluno.

A Matriz de Referência do Enem, disponibilizada no site do Inep, equivale ao conteúdo programático do exame. Os participantes podem visualizar os eixos cognitivos gerais e as competências específicas de cada área do conhecimento.

Você, professor, pode ainda revisar os temas mais cobrados do Enem com os seus alunos, a fim de ajudá-los a entenderem quais são os assuntos em que eles devem aprofundar-se.

Sobre as competências da redação, o aluno precisa mostrar aptidões em:

  • domínio da linguagem;
  • compreensão de fenômenos;
  • capacidade de resolver situações-problema;
  • construção de argumentação;
  • elaboração de propostas.

Para a redação, a dica é sempre se manter atualizado sobre as principais notícias do Brasil e do mundo, para avaliar as grandes discussões que moveram a sociedade ao longo do ano.

Além disso, o aluno deve ser estimulado a praticar sua escrita constantemente. Produzir, ao menos, uma redação por semana é um excelente exercício para a prova.

Os temas das redações de edições passadas, para discutir em sala de aula sobre a relação das temáticas com o contexto social de cada ano, foram:

  • 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”;
  • 2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”;
  • 2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”;
  • 2017: “Desafios para formação educacional de surdos no Brasil”;
  • 2016: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”;
  • 2015: “A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira”.

Monte um calendário de estudos junto de seus alunos, mostrando a eles como gerenciar seu tempo para não deixar a matéria acumular. Eles devem saber quanto tempo terão para cada matéria e como organizarão sua agenda de estudos.

Quanto mais cedo os participantes assumirem o controle da sua rotina para se prepararem para o Enem, melhor será o desempenho na prova.

Na Plataforma AZ de Aprendizagem, por exemplo, os estudantes podem utilizar o MAPA (Metas Acadêmicas Personalizadas para Aprovação), em que configura a sua pretensão de carreira e universidade, e a ferramenta indica qual é a trilha de estudos e o conjunto de atividades que o estudante precisa seguir para alcançar seu objetivo.

Preparação para o exame

Além das orientações gerais de conteúdo, uma dúvida muito comum entre os estudantes é justamente a prova. Vale a pena instruí-los sobre o que devem levar para a prova.

Os itens principais, que não podem esquecer de forma alguma:

  • documento de identificação com foto;
  • caneta esferográfica preta;
  • máscara;
  • cartão de inscrição.

Aparelhos eletrônicos, como calculadoras, não entram na sala de avaliação. Celulares são desligados, e a sua bateria é removida, guardados em um saco plástico embaixo da carteira. Oriente os alunos a levarem apenas o que for estritamente necessário para a prova.

Outros itens proibidos durante a avaliação são:

  • fones de ouvido;
  • óculos escuros;
  • bonés e chapéus;
  • lápis e lapiseiras;
  • borrachas e corretivos;
  • régua;
  • livros, folhas e anotações;
  • chaves de veículo com alarme;
  • canetas de tubo não transparente e de outras cores que não sejam preto.

Os participantes PcD, depois de terem solicitado atendimento especial, devem informar aos fiscais quais são as suas necessidades e condições.

Podem ser acompanhados por cão-guia e adulto, no caso de lactantes. Mas nessa última situação, o acompanhante não poderá entrar na sala de aula, apenas cuidar da criança enquanto a participante realiza o exame.

Feito isso, eles poderão realizar a prova portando, durante a avaliação, recursos como óculos especiais, lupas e telas de apoio, aparelho auditivo, medidor de glicose e bomba de insulina.

Dentre os recursos citados, apenas o cão-guia, aparelho auditivo, medidor de glicose e a bomba de insulina não passarão por revista.

Como a prova tem uma duração longa, o ideal é levar um lanche e uma garrafa de água para se manter bem hidratado e nutrido.

Ao iniciar o processo de avaliação, confira os seus dados pessoais da mesma forma que faria na prova impressa, para evitar qualquer dor de cabeça no futuro.

Algo para atentar é quanto à possibilidade de a redação ser anulada. Isso pode acontecer se o participante fugir do tema proposto, fazer um texto menor do que sete linhas e a redação fugir do formato de dissertação-argumentação.

O aluno receberá textos para se basear na construção da redação, mas em hipótese alguma poderá copiá-los, assim como copiar trechos de outros textos.

Cuidar do emocional

Para muitos, é a primeira vez realizando um exame desse porte, o que pode causar inseguranças.

Você deve tranquilizar os alunos para que não tomem o Enem como um bicho de sete cabeças, e sim uma prova mais extensa do que as de costume.

O fator emocional pode ser um grande aliado ou um forte adversário dos jovens. Então, traga relatos e estudos de casos de outros participantes para mostrar que não há nada a temer.

Professores não devem ensinar apenas conhecimentos específicos, mas auxiliar os alunos a desenvolverem suas habilidades socioemocionais. E, no contexto de tensão do Enem Digital, esse apoio é essencial para o sucesso do estudante.

Como os alunos podem usar as notas do Enem?

Algumas universidades, como as federais, não contam com vestibulares próprios, a entrada se dá apenas pelo Enem. Outras utilizam a nota do exame como parte de seus critérios de avaliação.

De todo modo, existem três programas que você deve orientar seus alunos a conhecerem: o Sisu, o Prouni e o Fies.

O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) faz a ponte entre o participante e as universidades. É por esse sistema que as notas são utilizadas nas federais para selecionar os ingressantes.

O aluno lança a nota do Enem no portal, que permanece aberto por três dias, escolhe as universidades em que deseja concorrer, e o sistema classifica os selecionados por ordem de desempenho.

O único critério de impedimento é ter zerado a redação — mais um motivo para fazê-la com calma e bastante atenção.

O Prouni (Programa Universidade Para Todos) usa a nota do Enem para garantir bolsas de estudo em universidades particulares. Além de não poder zerar a redação para se candidatar, a média das duas provas deve ser de, no mínimo, 450 pontos.

Esse programa é exclusivo para estudantes de baixa renda. Para comprovar a situação financeira, o aluno deve ter estudado apenas em escola pública ou ter conseguido bolsa integral em colégios particulares.

O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) é um financiamento para participantes de famílias de baixa renda, também para ingressar em universidades privadas. 

Segue os mesmos critérios do Prouni, além de ser restrito a famílias com até 3 salários-mínimos per capita. Mas, ao contrário dos outros dois programas, o Fies aceita notas de versões anteriores do Enem.

Esses três programas ajudam muitos estudantes a realizarem o sonho de começar uma faculdade, e tudo passa pelo Enem. Preparar-se com dedicação para a prova mais importante para o Ensino Médio faz toda a diferença para o aluno.

O Enem Digital ainda está em fase de ajustes, pois só tivemos uma edição no formato, mas tem grandes chances de sucesso.

Apesar de muitos enxergarem o avanço tecnológico como uma ameaça, a tecnologia está à nossa disposição para facilitar os processos e simplificar nosso trabalho como educadores.

Muitos estudantes terão que se adaptar ao novo modelo de avaliação e, também, ao próprio modelo de ensino, e o professor é a peça-chave desse processo.

Como vimos ao longo deste texto sobre o Enem Digital, em especial, a tecnologia é apenas uma ferramenta para oferecer suporte aos professores em sala de aula e contribuir com o protagonismo do aluno por meio de um ecossistema de ensino.

Você sabe o que é ensino híbrido e como essa realidade está cada vez mais presente nas escolas, tal qual a implementação do Enem Digital e o seu impacto na educação? Convidamos você a curtir a página da Conexia no Facebook e saber mais!

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